Obs: Esta é a Parte 8 da crónica Viagem a Itália 2011. Podem ler o início a partir daqui.
Saímos de Veneza ao final da tarde, com cerca de 280 km para percorrer até Milão. Mais ou menos 3 horas de viagem onde não haveria paragens. Vamos entrar na rota de regresso, e agora é tempo de deixar Veneza para trás.
Seguimos sem história até ao nosso hotel em Milão, ou melhor, nos arredores de Milão. São 21 horas quando saímos para um jantar nas imediações do simpático
Hotel Adam. Enquanto o meu companheiro de viagem se delicia com um esparguete à bolonhesa, eu cá experimento mais uma vez a cozinha Gourmet, um bela pizza à italiana! A noite é
de descanso, pois no dia seguinte íamos ter um dia em cheio!
Saímos do hotel ainda cedo, com uma alteração de planos. Não vamos perder tempo em Milão. A viagem vai ser longa e preferimos demorar-nos mais na própria viagem, fazendo-a a um
ritmo calmo, do que perder horas preciosas em Milão e atrasar-nos no nosso horário. Além do mais, Torino (ou Turin) não me sai da cabeça. Vamos lá diretos
para conhecermos esta cidade que vários italianos nos aconselharam. O meu companheiro concorda, e mesmo com umas nuvens escuras no alto, arrancamos calmamente para Torino...
Não demoramos 1 hora a chegar. Chegamos acompanhados por uma pingas teimosas, que contrariam a temperatura de verão. Caem frescas nas nossas motas para logo depois desaparecerem. Não nos incomoda, antes pelo contrario, refresca-nos.
Deixamos as motas numa rua sem transito, e sobre os olhares atentos de alguns peões, damos ínicio ao nosso habitual passeio a pé.
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Ao embrenhar-nos nas ruas do centro da cidade voltamos a ter a sensação que já tinhamos experimentado antes, mas desta vez acrescentada por um sentimento de grandeza. A beleza, a arte, uma longa história existem ali. Sentimo-la em cada canto onde pousamos o olhar. E reparamos com admiração em centenas de bandeiras de Itália nas janelas dos edifícios. Estas estão sempre a par com a bandeira Europeia, o que denota um forte orgulho em ser Europeu. Engraçado, não é único desta cidade. Em Florença e Pisa também reparamos neste pormenor.
Torino é conhecida também pelo seu Clube, o Torino FC, que tem uma história que vale a pena contar: O Clube foi fundado em 1906 numa cervejaria em Turim por dissidentes da Juventus, hoje em dia o principal rival. A sede dos dois clubes são na cidade e chegam mesmo a partilhar os mesmos estádios. O Clube mudou de nome 3 vezes: usou o nome AC Torino até 1970, depois ficou como Torino Calcio entre 1970 a 2005 e finalmente resurgiu como Torino FC.
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Mas a cidade é muito mais que isto. Torino, ou Turim, é um centro de negócios e cultural no norte da Itália, capital da região do Piemonte. É constituída por inúmeras igrejas, piazzas, enormes bibliotecas, edifícios medievais de ornamentação profusa e muito luxuosa. A sua população atinge perto de 2.200 milhões de habitantes. Turin é sem dúvida, enorme!
Estamos ali mesmo ao lado da Piazza Carignano, e por momentos rodeamos as ruas que por ali se cruzam. Tiramos umas fotos à fachada do museu Nazionale del Risorgimento Italiano, passamos de praça em praça entre edifícos de pedra cinzenta e castanha. A beleza do local é estonteante. Mais uma vez circulamos a pé por um espaço sem carros. Talvez por isto nos sintamos esmagados pela grandeza do local.
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Sucedem-se as piazzas, belas e amplas, e damos connosco à porta da Biblioteca Nazionale. Ao fundo, sempre presente, vemos um pequeno castelo de torres redondas. Dirigimo-nos em zigue-zaque para a Piazza Castello, um grande largo onde linhas de eléctricos rasgam o alcatrão, pisadas por autocarros e taxis. Ali no meio podemos admirar o castelo medieval que encerra nas suas paredes muitas das histórias da cidade.
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À sua volta lojas e esplandas perdem-se em labirínticas ruas. Até estas são de chão escuro, de pedra ou laje já muito pisada. Rodamos à nossa esquerda e estamos numas arcadas com pequenas lojas e jardins cobertos. Mas não é um centro comercial. É apenas um passeio cheio de charme, com pequenos cafés, bancos de jardim, canteiros de flores, e no telhado colunas e arcos de metal seguram vidros quadrados que ofuscam a luz dando ao local um aspecto mágico. Talvez as nuvens cinzentas lá no alto dêem um ar ainda mais misterioso e romântico à cidade. Talvez sejamos nós próprios que guardamos as palavras porque não encontramos nada que possamos dizer. Apenas nos deixamos levar passo a passo ao sabor das ruas.
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Entramos por uma rua de nome Via Accademia delle Scienze, e minutos depois desemboca- mos na ampla Piazza San Carlo. Àquela hora matinal encontram-se alguns turistas e, mesmo a meio, três bombeiros num carro guindaste entretêem-se a fazer uma grande pilha de ramos secos. Comentamos entre nós que devem estar a preparar uma fogueira, talvez com uns 3 metros de altura. Mais tarde confirmamos a nossa teoria: São as festas juninas, que fazem parte da antiga tradição pagã de celebrar o solstício de verão com fogueiras quase a tocar o céu. Prevemos que ao final do dia esta piazza estará cheia de gentes em festa, enquanto nós estaremos já longe.
Entretanto deixamo-nos ficar ali um pouco a observar o meio que nos rodeia. Tiramos fotos, e num pequeno quiosque de recordações compramos uma lembrança de Torino. A manhã já vai a meio, e o andar abre-nos o apetite. Sem pressa dirigimo-nos a uma geletaria nas imediações. Nas arcadas ecoam os sinos de uma igreja perto, e há de vez enquando alguns carros a passar. É pacífica a cidade de Torino, mais calma do que podíamos imaginar. Ali ficamos a descansar as pernas.
Não falta muito para irmos embora, e rapidamente estamos de novo perto das motas. Acertamos alguns pormenores para o percurso que vamos fazer de seguida, com o intuito de atravessar a secção dos Alpes que fazem fronteira com França. Espera-nos a conquista do Mont Cenis, e partimos para mais uma etapa!
Mal arrancamos, as nuvem cumprem o que prometeram desde cedo. A chuva cai intensamente durante uns bons quilometros obrigando-nos a vestir o fato-de-chuva...
Podem ver aqui um pequeno filme de Torino.
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Carlos Pinto (Monday, 25 July 2011 11:27)
Não fazia ideia que Turin fosse assim. Despertou-me a curiosidade sobre esta cidade. Muito bom!
Obrigado e continue!